Com o crescento número de casos nos hospitais do ABC Paulista, os médicos estão alertando sobre possível surto da doença mão-pé-boca. A doença afeta geralmente crianças e envolve sintomas como febre e feridas avermelhadas na palma da mão, na planta dos pés e na boca. Nesse último caso, há inclusive dificuldade de alimentação em alguns casos.
Somente neste ano já foram notificados 20 surtos da doença somando Santo André, São Bernardo e São Caetano. Para que seja caracterizado surto, é preciso que haja ao menos três casos contabilizados. A doença é causada por enterovírus e transmitida por meio do contato com secreções ou alimentos e objetos contaminados.
Confira abaixo as respostas para as principais dúvidas, além de recomendações de como evitar e tratar a doença:
O que é a doença mão-pé-boca?
É uma doença contagiosa causada pelo vírus Coxsackie, da família dos enterovírus. Embora também ocorra em adultos, é mais comum na infância, antes dos cinco anos. A faixa mais atingida é entre seis meses e três anos. O nome da enfermidade se refere aos locais onde mais aparecem lesões na pele.
Quais são os sintomas?
Os primeiros sinais são febre e eventualmente dor de garganta, o que pode levar pais e professores a confundir os sintomas com outras doenças. Conforme a enfermeira da Vigilância Epidemiológica de Farroupilha, Juciele Schiavini, depois aparecem pontos vermelhos na palma da mão, na planta dos pés e na boca. Essas erupções acabam evoluindo para úlceras que causam dor. Também podem aparecer feridas do tipo na região genital.
— Como pode dar as lesões na cavidade oral, a criança tende a ter mal-estar, a perder o apetite. Em casos mais graves é necessário internação porque o fato de não conseguir comer e nem beber acaba desidratando a criança — explica.
Outros sintomas comuns associados à doença são mal-estar, falta de apetite, vômito e diarreia. Há ainda dificuldade de engolir e excesso de salivação devido à dor. Os sinais da doença duram de cinco a sete dias.
Como ocorre a transmissão?
O contágio ocorre por via oral ou fecal, ou seja, com contato direto entre pessoas ou com fezes, saliva e outras secreções contaminadas. Objetos ou alimentos que contenham o enterovírus também podem ser fonte de transmissão. Uma característica que exige atenção é que, mesmo após recuperada, a pessoa ainda pode transmitir o vírus pelas fezes por até quatro semanas.
Existe algum período de maior contágio?
Conforme Juciele, o surgimento de surtos é mais comum no fim do verão e no início do outono. É nesse período que ocorre o retorno às aulas e as crianças ficam mais expostas a aglomerações nas escolas.
Como prevenir?
É fundamental redobrar os cuidados com higienização, especialmente nas trocas de fraldas, lavando as mãos e as superfícies. Também é importante não compartilhar mamadeiras, talheres e copos, entre outros objetos. Escolas também devem estar atentas à higienização de brinquedos e outros objetos de uso compartilhado. Itens de uso pessoal também precisam ser limpos com frequência.
E se a criança tiver a doença?
Como os primeiros sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, é fundamental levar a criança no médico para um diagnóstico. O médico também dará orientações de como proceder uma vez que a doença mão-pé-boca for identificada. A recomendação mais comum, no entanto, é que a criança não vá a escola por sete dias, até o desaparecimento dos sintomas. No retorno às aulas, é preciso manter os cuidados de higiene, uma vez que a transmissão via fezes ainda pode estar ativa.
Qual o tratamento?
O tratamento costuma ser focado nos sintomas, para reduzir o mal-estar da criança. Uma vez superado o ciclo da fase aguda, os sintomas desaparecem espontaneamente. Durante a doença, contudo, é importante aumentar o consumo de líquido, repousar e manter uma alimentação leve.